Por que o lipedema não melhora só com dieta e exercício?

Você segue a dieta à risca. Treina com frequência. Faz tudo certo, mas suas pernas continuam inchadas, doloridas e com aquela gordura que não responde a nada?

Isso pode ser lipedema — e não culpa sua.

Entendendo o lipedema

O lipedema é uma condição crônica que afeta, principalmente, mulheres. É caracterizado pelo acúmulo anormal e doloroso de gordura, geralmente nas pernas, quadris e coxas. Diferente da gordura comum, essa gordura tem uma resposta pior a quadros inflamatórios e de desequilíbrio hormonal, o que explica por que ela não responde bem a estratégias tradicionais como dieta restrita ou treino intenso.

Mesmo com déficit calórico, os resultados são frustrantes. Isso acontece porque a gordura do lipedema não se comporta como o tecido adiposo típico. Ela persiste, gera dor, causa sensação de peso e piora com o passar do tempo.

 

A gordura do lipedema é diferente

É uma gordura inflamada. Isso significa que o corpo está em estado de alerta constante. Há sensibilidade ao toque, inchaço que piora no fim do dia, hematomas frequentes e dificuldade em mobilizar essa gordura com exercícios convencionais.

Essa condição também pode vir acompanhada de disfunções no sistema linfático e venoso. Quando há varizes ou sinais de insuficiência venosa, a progressão da doença tende a ser ainda mais rápida. A circulação comprometida favorece a retenção de líquidos, aumenta o desconforto e dificulta a resposta ao esforço físico.

 

O erro de tratar como obesidade

Muitas pacientes passam anos tentando emagrecer com dietas rigorosas e programas de exercícios intensos, sem perceber melhora nas pernas. Isso gera frustração, baixa autoestima e atraso no diagnóstico correto.

Tratar o lipedema como se fosse obesidade é um erro. O foco não deve estar apenas no emagrecimento, mas na inflamação e no comprometimento circulatório.

 

Tratamento exige abordagem específica

Para controlar os sintomas do lipedema, é preciso mais do que dieta e treino. A abordagem deve ser individualizada, com foco em reduzir a inflamação, melhorar a circulação e aliviar os sintomas.

Entre as estratégias mais recomendadas estão:

– Alimentação anti-inflamatória, com redução de alimentos ultraprocessados, açúcar e glúten / lactose em alguns casos.

– Exercícios de baixo impacto e foco em resistência muscular, como pilates, hidroginástica e caminhada podem ser mais interessantes no início quando a inflamação ainda está exagerada. Sempre ter em mente que o ganho de massa magra vai ajudar a melhorar o metabolismo e a estética.

– Drenagem linfática manual e liberação da fáscia, além de terapias de fotobiomodulação, feita por profissional capacitado

– Uso de meias de compressão graduada para auxiliar o retorno venoso e linfático

– Tratamento de varizes e avaliação da circulação, se houver sinais de insuficiência venosa

– Suporte psicológico, já que o impacto emocional é significativo

 

Cada caso é único

O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. O ideal é passar por uma avaliação completa com especialistas, como cirurgiões vasculares, dermatologistas e fisioterapeutas com experiência em lipedema.

A combinação certa de cuidados pode aliviar os sintomas, melhorar a mobilidade e proporcionar mais qualidade de vida. O importante é entender que não se trata de falta de esforço. É uma condição real, que exige tratamento direcionado.

 

Conclusão

Se você sente que já tentou de tudo e nada funcionou, talvez esteja tratando o problema errado. O lipedema não melhora apenas com força de vontade. Exige conhecimento, estratégia e acompanhamento adequado.

Observe os sinais do seu corpo. Busque orientação especializada. Com o tratamento certo, é possível controlar os sintomas e recuperar o bem-estar. Dieta e exercício ajudam — mas não bastam quando o assunto é lipedema.